CIENCIA-GEOLOGIA: A GEODINÂMICA INTERNA DA TERRA


1.Contextualização

As pessoas e o meio ambiente estão sofrendo cada vez mais os efeitos dos desastres naturais. O grande alcance dos impactos socioeconómicos dos desastres naturais causou uma mudança na abordagem política para lidar com o conceito de risco nas sociedades modernas.

Os  Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, independentemente destas residirem ou não em áreas de risco. Ainda que em um primeiro momento o termo esteja associado a terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os Desastres Naturais contemplam, também, processos e fenómenos mais localizados tais como deslizamentos, inundações, subsidências e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem.

Responsáveis por expressivos danos e perdas, de caráter social, económico e ambiental, os desastres naturais têm tido uma recorrência e impactos cada vez mais intensos. Eles podem ocorrer como consequência do impacto de um risco natural ou causado por actividades antrópicas. Os riscos naturais incluem fenómenos como terremotos, actividade vulcânica, deslizamentos de terra, maremotos, ciclones tropicais e outras.

O presente texto, visa trazer uma abordagem sobre os acidentes naturais  e meio ambiente mas, com enfoque a vulcanismo e sismos no que tange aos conceitos, riscos e Vulnerabilidade.


O termo vulcanismo abrange todos os processos e eventos que permitem e provocam a ascensão de material magmático do interior à superfície da Terra. O fenómeno não é limitado apenas à Terra, pois já foi constatado em alguns planetas e luas do nosso sistema solar, estando em Marte o maior vulcão conhecido por Monte Olympus.

Historicamente, os processos responsáveis pelo vulcanismo foram atribuídos a diferentes causas. Durante a Idade Média, relacionava-se o fogo eterno do inferno com as profundezas da crosta terrestre. No início do século XIX ficou definitivamente estabelecido que os vulcões são formados quer pelo acúmulo externo de material juvenil, quer pelo surgimento das camadas pré-existentes por forças do interior da terra .

Um vulcão forma-se quando o magma é transferido do interior da Terra para a superfície. Para que a sua subida ocorra é necessário que existam, na crusta terrestre, fendas ou fracturas  através das quais ele se escape. Toda a estrutura que permite a passagem do magma até à superfície terrestre constitui o vulcão. Os vulcões podem ter diferentes aspectos, apresentando numa estrutura geral típica: câmara magmática, chaminé e cratera.

Mais de dois terços da superfície da terra, são inteiramente formados por tachas derivadas de lavas, durante os últimos 200 milhões de anos. Ele é também o mais significativo processo na construção de arcos de ilhas e é expressivo em muitas cadeias de montanhas, pois tal actividade está intimamente associada com o movimento da litosfera, e suas características dependem do tipo de limite de placas.

A estrutura vulcânica que forma um vulcão é designada por aparelho ou edifício vulcânico. Normalmente, os vulcões são constituídos pelas seguintes partes:

a)      Câmara magmática, local onde se encontra acumulado o magma, normalmente situado em regiões profundas das crostas continental e oceânica, atingindo por vezes a parte superior do manto;
b)      Chaminé (principal) vulcânica, é o canal, fenda ou abertura que liga a câmara magmática com o exterior das crostas, e por onde ascendem os materiais vulcânicos;
c)      Cratera, abertura ou depressão mais ou menos circular, em forma de um funil, localizada no topo da chaminé vulcânica e;
d)     Cone vulcânico, é a montanha propriamente dita. É chamado de cone devido à semelhança das montanhas vulcânicas com um cone, formado por acumulação dos materiais expelidos do interior das crostas (lavas, cinzas e fragmentos de rochas), durante a erupção vulcânica.


Há dois tipos de vulcanismo, a saber:

        i.            Vulcanismo Primário: também chamado de "vulcanismo eruptivo", trata-se do processo principal que resulta na formação de vulcões (centrais) ou de fraturas na superfície (fissurais).
      ii.            Vulcanismo Secundário: também chamado de "vulcanismo residual", esse tipo de vulcanismo está relacionado com a energia térmica e não é tão violento resultando na formação de nascentes termais, fumarolas e gêiseres.

De acordo com os tipos de magma, o vulcanismo é classificado em:

        i.            Vulcanismo Explosivo: processo de explosão vulcânica, que normalmente gera eventos catastróficos, os quais são decorrentes da grande pressão no interior da Terra, que possui elevada quantidade de gases.
      ii.            Vulcanismo Efusivo: processo de vulcanismo mais calmo decorrente da pouca presença de gases, que torna a pressão menor.
    iii.            Vulcanismo Misto: nesse caso, o processo de vulcanismo ocorre das duas maneiras: explosiva e efusiva, ou seja, com períodos de violência vulcânica, seguida de momentos mais calmos.


Os principais tipos de erupções estão intimamente associados à característica composicional do magma que as confere isto é, aquelas derivadas de magmas ácidos ou intermediários mais viscosos e aquelas derivadas de magmas básicos mais fluidos.

São os seguintes os principais tipos de erupções vulcânicas: Havaiana ou lagos de lava, Estromboliana, Vulcaniano ou vesuviano, Pliniana, e Linear ou fissural.
Além das manifestações marcadas pela emissão de lavas, há também manifestações vulcânicas que se caracterizam pela emissão de gases e/ou água. As mais importantes são os geysers, dos quais o mais conhecido é o Old Faithful.


O vulcanismo é geralmente benéfico para as populações, porque está na origem de bons solos agrícolas. O vulcanismo efusivo em regra de natureza basáltica, não é, em princípio, muito perigoso, pelo menos em termos de acidentes mortais mas tem riscos para casas e culturas. Muito mais perigoso do que o vulcanismo efusivo é o vulcanismo Explosivo.

A explosividade deve-se a duas causas principais: uma maior viscosidade dos magmas ácidos, isto é, mais ricos em sílica e a interacção do magma com águas superficiais ou subterrâneas. Esta é uma situação que pode ocorrer até com magmas basálticos, em princípio pouco explosivos.


Erupçõeses vulcânicas promovem os maiores riscos e perigos sobre a Terra. Os riscos e perigos originados em uma erupção vulcânica dependem do tipo de vulcão, o tempo que que se passou desde a última erupção do vulcão, a localização geográfica do edifício vulcânico, o clima local e a estação do ano. Quanto maior  o tempo que um vulcão permanece em repouso (dormente), maior será a tendência de uma próxima grande erupção ocorrer.

Erupções vulcânicas afetam o comportamento do clima em curtos períodos de tempo, aquecimento global e subida do nível dos oceanos, baixas temperaturas em função das cinzas lançadas na atmosfera, correlações climáticas e erupções vulcânicas como por exemplo o Krakatoa, Bloqueio da luz solar e erretimento das neves das grandes altitudes.

3. Sismos


Um sismo (tremor de terra ou abalo sísmico) é uma perturbação violenta na crusta causada por um movimento brusco em profundidade, resultando na libertação instantânea de energia lentamente acumulada ao longo do tempo.

Os sismos são movimentos bruscos da superfície terrestre. Estas resultam da libertação súbita de energia numa zona de ruptura de energia.

Segundo o autor, todos os dias, centenas de tremores de terra abalam regiões diferentes em todo o mundo. Estes tremores de terra podem ou não serem sentidos, dependendo da sua magnitude e da profundidade a que se encontra. Os sismos podem fazer enormes estragos em sítios localizados a centenas de quilómetros de distância  da sua origem.
Os sismos acontecem devido às elevadas pressões existentes no interior da Terra, que actuam sobre as rochas da litosfera, deformando-as. Tal como qualquer objecto se pode partir, as rochas também se partem e dobram, levando  à libertação de energia provenientes das falhas.

O ponto onde se dá essa perturbação chama-se foco ou hipocentro, e o ponto à superfície na vertical do foco chama-se epicentro.Todos os anos a Terra sofre várias centenas de milhar de sismos, mas felizmente só muito poucos são suficientemente fortes para provocar mortes. Algumas áreas são propícias a sismos, sendo as construções feitas de modo a resistirem a eles.

Os sismos ocorrem em profundidades várias, desde perto da superfície até 700 km de profundidade. Pode-se fazer observações directas de sismos que afectam a superfície. A maioria dos sismos originados perto da superfície são associados/causados por movimentos abruptos ao longo de fracturas na crusta (falhas).

As outras causas estão relacionadas com actividade vulcânica, com grandes movimentos de terras (deslizamentos) e, desde o século passado, a experiências nucleares subterrâneas. Os sismos de profundidade não podem ser observados e os processos são inferidos a partir de observações indirectas.
Todas as rochas têm um certo grau de elasticidade e plasticidade como resposta às grandes pressões que sobre elas se exercem devidas aos movimentos crustais. Sob tais pressões, as rochas tendem a dobrar. Quando o limite de elasticidade é atingido, a rocha quebra e, nesse momento, há uma enorme libertação de energia que se transmite pela crusta sob a forma de ondas sísmicas .


Podemos distinguir dois tipos de sismos:

o   Macrossimsmos: sismos de grande intensidade que sacodem e destroem grandes cidades.
o   Microssismos: sismos de pequena intensidade e, por isso, não são sentidos pelas pessoas.


Os riscos primários de um sismo têm a ver com a movimentação dos terrenos. Esta movimentação é provocada pela passagem daquelas ondas e afeta as estruturas (casas, pontes, etc.) em maior ou menor grau. Os danos são maiores se:

o   o sismo é mais forte;
o   o seu foco menos profundo e;
o   as construções são mais frágeis ou assentam em terrenos mais frágeis
Os riscos secundários, em regra mais gravosos, são:
o   a deflagração de incêndios;
o   a liquefação de sedimentos empapados em água;
o   o desencadear de movimentos de terras; a formação de ondas gigantes, tanto no mar (tsunamis) como, mais raramente, em lagos (seiches).


        i.            Hazard ou Perigosidade

Associada a possibilidade de ocorrência de vibrações sísmicas de dada severidade num certo local e pelos efeitos colaterais. Os riscos colaterais que advém de um sismo estão relacionados por exemplo com os tipos de solo, declives e outras morfologias de cada cidade Os riscos colaterais provocados por abalos sísmicos tais como incêndios, liquefação ou tsunamis são os  responsáveis pela contaminação das águas, solo e florestas.
      ii.            Exposição

Tudo o que se encontra sobre a crosta terrestre está exposto ao risco. Não importa o hazard ser muito elevado em determinada região se não tiver uma população e infraestruturas associadas e expostas a esse mesmo hazard. A exposição inclui, das Infraestruturas, da populção e das Actividades Económicas.

    iii.            Vulnerabilidade

A Vulnerabilidade inclui: das Infraestruturas, da População, das Actividades Económicas e Vulnerabilidade Sócio-Política.
     iv.            Impacto no exterior

Este fator indica de que forma as perdas económicas, as interrupções nas redes, a vida política e social serão afectadas para além do local onde se registou o abalo.

        i.            Capacidade de Resposta
Este factor,  descreve a eficiência de uma cidade em restabelecer as suas atividades e para isto necessita de uma organização e planeamento operacional antes de ocorrer o sismo, recursos financeiros equipamento e recursos humanos disponíveis, bem como de uma fácil mobilidade no pós-sismo.

4.Breve Sintese

Os vulcões e sismos, são fenómenos naturais que quando ocorrem em elevadas magnitudes, provocam danos a sociedade e para o ambiente.
A sua ocorrência, tem muito haver com a estrutura da geodinâmica interna da terra por isso, nem todas as regiões do mundo, são vulneráveis a esses fenómenos. Exitem regiões no mundo onde já se conhece o nível de ocorrência de cada fenómeno.
Os vulcões são resultado de aberturas naturais na crosta terrestre que põem em contacto o interior da Terra com a superfície e, através dos vulcões, são expelidos materiais de diversas composições químicas ou estados físicos, dando-se assim erupções vulcânicas.
Os sismos, tem sua origem quando as rochas são sujeitas a forças  e têm tendência a dobrar-se e, quando as forças ultrapassam determinados limites, uma dobra pode quebrar-se e dar origem a uma falha.

5. Bibliograficas
Aguiar, Maria da Conceição (2002). Vulcões e sismos:Aplicações multimédias para o ensino básico.Universidade do Porto, Portugal.
AMARAL; Rosangela; TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair (2009). desastres naturais conhecer para prevenir. Instituto Geológico, 1ª edição. São Paulo.
António ANDRADE, A.; BONITO, J.;REBELO, D.R;MARQUES, L (2014). Geologia - Manual do Aluno. 1ª Edição. Lisboa.
CARAVACA, Gerson (2009). Perigos & Riscos Vulcânicos. Disponível em http://www.vulcanoticias.com.br/portal/vulcanologia/perigos-a-riscos-vulcanicos
PENHA, Hélio Monteiro (S/d).  Capítulo 2: Processos endogenéticos na formação do relevo
UNAVIDA; UVA (S/d).Geologia geral: Vulcanismo e Terremoto.Brasil.
UNEP (2012). Estado do meio ambiente e retrospectivas políticas: 1972-2002.Brasil.
www.biolohugo.xpg.uol.com.br/6p/geo_paleo/vulcanismo.pdf

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