CIÊNCIA:Metodologia de Invetigação Científica

I

TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS

Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. Esse material-fonte geral é útil não só por trazer conhecimentos importantes no campo de interesse, como também para evitar possíveis duplicações ou esforços desnecessários; pode ainda sugerir problemas e hipóteses e orientar para outras fontes de colecta (Lakatos e Marconi, 2003).

Documentação indirecta

É a fase da pesquisa realizada com intuito de recolher informações prévias sobre o campo de interesse. O levantamento de dados, primeiro passo de qualquer pesquisa científica, é feito de duas maneiras: pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias) (Lakatos e Marconi, 2003).

Pesquisa documental

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o  que se denomina de  fontes  primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o facto ou fenómeno ocorre, ou depois. São fontes desta técnica de pesquisa: Arquivos públicos, Arquivos particulares e fontes estatísticas. São tipos de documentos: Escritos, e outros (fotografias, entre outros) (Lakatos e Marconi, 2003).

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão (Lakatos e Marconi, 2003).
A sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas (Lakatos e Marconi, 2003).
Podem ser fontes de pesquisa bibliográfica: Imprensa escrita, meios audiovisuais, material cartográfico, e publicações (Lakatos e Marconi, 2003).

Documentação directa

A documentação directa constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio local onde os fenómenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos de duas maneiras: através da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório (Lakatos e Marconi, 2003).

Pesquisa de campo

A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenómenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de factos e fenómenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los (Lakatos e Marconi, 2003).
Constituem tipos de pesquisa de campo: quantitativo-descritivos, exploratórios e experimentais.

Pesquisa de laboratório

A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação que descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumento específico, preciso, e ambientes adequados. O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que se propôs alcançar; deve ser previamente estabelecido e relacionado com determinada ciência ou ramo de estudo (Lakatos e Marconi, 2003).
Na pesquisa de laboratório, as experiências são efectuadas em recintos fechados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais, de acordo com o campo de ciência que está realizando-as, e se restringem a determinadas manipulações (Lakatos e Marconi, 2003).

Observação

A observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar (Lakatos e Marconi, 2003).
A observação apresenta como principal vantagem, em relação a outras técnicas, a de que os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação (Gil, 2008).

Observação directa e indirecta

A observação directa, é aquela em que o próprio investigador procede directamente à recolha das informações sem se dirigir aos sujeitos interessados. Na observação indirecta o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação procurada. Ao responder às perguntas o sujeito intervém na produção da informação (Raymond e Quivy, 2005).

Observação sistemática

É frequentemente utilizada em pesquisas que têm como objectivo a descrição precisa dos fenómenos ou o teste de hipóteses. Nas pesquisas deste tipo, o pesquisador sabe quais os aspectos da comunidade ou grupo que são significativos para alcançar os objectivos pretendidos. Por essa razão, elabora previamente um plano de observação (Gil, 2008).

Observação não participante ou simples

Na observação não-participante, o pesquisador toma contacto com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora. Presencia o facto, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador (Lakatos e Marconi, 2003).
Embora a observação simples possa ser caracterizada como espontânea, informal, não planificada, coloca-se num plano científico, pois vai além da simples constatação dos factos. Em qualquer circunstância, exige um mínimo de controlo na obtenção dos dados. Além disso, a coleta de dados por observação é seguida de um processo de análise e interpretação, o que lhe confere a sistematização e o controle requeridos dos procedimentos científicos (Gil, 2008).

Observação Participante

Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste (Lakatos e Marconi, 2003).
A observação participante pode assumir duas formas distintas: natural, quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga; e artificial, quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar uma investigação (Gil, 2008).

Entrevista

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (Lakatos e Marconi, 2003).
A entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.

Entrevista padronizada ou estruturada

É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são pré-determinadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efectuadade preferência com pessoas selecionadas de acordo com um plano (Lakatos e Marconi, 2003).
Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em grande número (Gil, 2008).
O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas a determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas.

Despadronizada ou não-estruturada

O entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direcção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal. Pode-se identificar neste tipo de entrevista, a focalizada, clínica e não dirigida (Lakatos e Marconi, 2003).

Questionário

O questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma  série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador (Lakatos e Marconi, 2003).
Os questionários na maioria das vezes, são propostos por escrito aos respondentes. Costumam nesse caso ser designados como questionários auto-aplicados. Quando as questões são formuladas oralmente pelo pesquisador, podem ser designados como questionários aplicados com entrevista ou formulários. Construir um questionário consiste basicamente em traduzir objectivos da pesquisa em questões específicas (Gil, 2008).
O questionário deve ser limitado em extensão e em finalidade. Se for muito longo, causa fadiga e desinteresse; se curto demais, corre o risco de não oferecer suficientes informações (Lakatos e Marconi, 2003).

Inquérito por questionário

Consiste em colocar a um conjunto de inquiridores, geralmente representativo de uma população (amostra), uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os investigadores (Raymond e Quivy, 2005).

Formulário

O formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de colecta de dados consiste em obter informações directamente do entrevistado. O que caracteriza o formulário é o contacto face a face entre pesquisador e informante e ser o roteiro de perguntas preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista (Lakatos e Marconi, 2003).

Referências Bibliográficas

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade (2003). Fundamentos de Metodologia Científica. Editora Atlas, 5ª edição. São Paulo, Brasil.
GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. Editora Atlas, 6ª edição. São Paulo, Brasil.
De ASSIS, Maria Cristina (S/d). Metodologia do Trabalho Científico. Brasil
CAMPENHOUDT, L. Van & QUIVY, Raymond (1995). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Tradução de MENDES, J.M e ANDRADE, Maria (2005).Gradiva. Lisboa.




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