O poder do tempo ou a hegemonia da nossa apatia?!!

A vida em certas vezes nos faz entender que o tempo tem um determinado poder capaz de extinguir certas vivências nossas ou pelo menos tira do centro das atenções  à maior parte do que nos passa na vida de bom ou de mal. 
A realidade mostra muitas vezes que por exemplo boas coisas dificilmente esquecemos e negativas facilmente passamos ao arquivo mas, em ambas circunstâncias o tempo tem uma extrema capacidade de “congelar” essas situações com alguma facilidade quando surge novo motivo sobretudo de celebrar numa rotina normal e lógica do ciclo de vida.

Não é no sentido de vida particular que trago essa reflexão apenas procurava introduzir o raciocínio invocando a evidência social clara e ilucidativa. Busco entender a razão de porquê alguns dos principais assuntos que mexem com a vida social, política e até económica do país,“desaparecem[1]”do nosso meio sem que tenha havido o respectivo desfecho ou explicação.?!

Chego a acreditar em duas hipóteses que podem explicar essa lógica das coisas: Por um lado o tempo têm um poder, uma extrema capacidade de “congelar”esses assuntos e por outro a razão que explica esse “desaparecimento”, é a nossa apatia de agir para exigir quem é do direito de nos explicar os contornos de cada fenómeno que a nossa história vai registando que obviamnete não acontece ao acaso.
Nessa reflexão prefiro sustentar a primeira hipótese como válida para explicar a pergunta que anteriormente fiz, sobre a segunda, deixo ao critério do leitor para refletir e ver se é valida ou não talvez também sobre a primeira.

É longa a lista de evidências de assuntos que aqui podia invocar que já mexeram ou mexem com o país mas que nunca tive-se resposta ou resultado sobre a razão do acontecimento de cada um deles. Contudo, para esta reflexão, me sustento por alguns deles senão vejamos:

A sensivelmente um ano, quase todo o país chorou a morte de um influênte e conceiptuado  académico num acto bárbaro similar aos demais que a história já registou. Na altura pelos kilómetros de distância que o asssunto correu e pelo nível de choque que se fez sentir no país, renasceu a esperança de que seria desta vez qua a  justiça do país poderia surprender na sua forma de agir perante assuntos de género e não só mas parece que os moçambicanos iludiram-se demais e foi um falso alarme e não era daquela vez que ia se ver a luz no fundo do túnel.

O tempo foi passando quase “todo mundo” foi se esquecendo da “tragédia” até a imprensa que abordava o assunto com alguma constância foi atacando outros assuntos que iam emergindo colocando este no arquivo editorial.

No mês findo, (salvo o erro) o país ficou abalado com um novo evento fruto sem margens de dúvidas de irresponsabilidade e conivência, de queda do muro de um edifício que nem tem 6 anos após o término da sua construção, que resultou em morte e feridos em termos de impactos negativos imediatos. O assunto dominou as capas dos jornais, as edições noticiosas das televisões e rádios mas, parece que ele está sendo amortecido com o tempo sem clara resposta final em termos de responsabilização.

À semanas, a sociedade foi “blindada” com mais um episódio que marcava novamente o país em negativo, o fenómeno de refugiados moçambicanos no Malawi. A imprensa internacional e a nacional foi reportando com algum choque social as condições em que os compatriotas viviam/ vivem no país vizinho. Houve uma pressão com vista o esclarecimento do assunto pela parte de quem é do direito, algumas tentativas nesse sentido emergiram mas de lá para cá nada mais foi nos dito. 

Será que o assunto já teve o desfecho? De longe parece que, mais uma vez a magia do tempo vai se encarregando de arrefecer e arquivar o assunto sem explicação.

Actualmente, se não fosse a questão da renegociação da dívida, o assunto EMATUM, também já não estaria na praça a ser discutido apesar dos efeitos catastróficos que o fenómeno nos trouxe fruto de uma inexplicável e louca aventura que certas pessoas puseram o país a prova.

 Esses são alguns exemplos que sustentam a hipótese de que defacto o tempo cura quase tudo,...ou pelo menos.. o tempo tira o incurável no centro das atenções e em Moçambique esta teoria está tendo uma aplicação “natural” e está bem sustentada e têm azas para continuar a ser aplicável, basta olhar-se no rumo em que tomaram e tomam os principais eventos que aconteceram/acontecem e que a história vai registado muitas vezes sem desfecho final ao menos duvidoso para não falar de plausível.
Assim sendo, o “desaparecimento” dos principais assuntos que mexem com a vida social, política e até económica do país no nosso meio sem que tenha havido o respectivo desfecho ou explicação, será produto do poder do tempo ou da nossa apatia para agir como cidadãos, na exigência de resposta e explicação? Fica a questão!


[1] Quase já não se fala dos assunto

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