ARTIGO OPINATIVO: Um olhar preambular sobre as desigualdades regionais em Moçambique: Perspectivas e Desafio
Fonte:projetoamemocambique.blogspot.com
Um dos assuntos que tem merecido destaque no quotidiano das populações mundiais e a Moçambicana de forma particular, é a contribuição dos níveis de crescimento económico que uma boa parte de nações sobre tudo as emergentes da Ásia (China, Índia, Singapura), América (Brasil), África (Moçambique, Angola) e outros tem verificado ao longo do decorrer do presente século XXI, na redução dos problemas socioeconómicos das respectivas populações.
Um dos assuntos que tem merecido destaque no quotidiano das populações mundiais e a Moçambicana de forma particular, é a contribuição dos níveis de crescimento económico que uma boa parte de nações sobre tudo as emergentes da Ásia (China, Índia, Singapura), América (Brasil), África (Moçambique, Angola) e outros tem verificado ao longo do decorrer do presente século XXI, na redução dos problemas socioeconómicos das respectivas populações.
Se no passado um simples
crescimento económico se pensava que implicaria desenvolvimento, na actualidade
essa abordagem tem sido frágil para explicar a crescente
diferenciação entre os ricos e pobres ou seja há cada vez
mais aumento de desequilíbrios sociais e regionais no que concerne
ao desenvolvimento das pessoas e dos espaços geográficos.
No que tange de forma peculiar
Moçambique, esse debate tem colorido o dia-a-dia da população sobretudo a
urbana que tem buscado explicação junto do governo sobre como por exemplo
“a descoberta de recursos‟‟ tem contribuído na redução da
pobreza em Moçambique que, situa se em torno de 52% de acordo com o
estudo sobre POBREZA E BEM-ESTAR EM MOÇAMBIQUE: TERCEIRA AVALIAÇÃO NACIONAL
desenvolvendo pelo Ministério de Planificação e Desenvolvimento
no ano de 2010.
A concepção deste assunto a nível
da maior parte dos debates que são feitos, é fundamentada num olhar ou numa
perspectiva mais económica e social. Buscando aquela que eu considero visão
geográfica, tentaria abordar o assunto no que chamaria de desequilíbrios
regionais do crescimento e desenvolvimento onde, caracterizam se,
pela diferenciação espacial em termos de desenvolvimento o que significa
que há regiões do país mais evoluídas em relação a outras.
O cenário de melhoria no que
tange as taxas de crescimento económico que o país regista no que diz respeito
ao seu incremento que nos últimos anos tem-se verificado que chega a situar se
nos 7%, facto sustentado através da contribuição da
exploração de alguns recursos que o país tem como é o caso de carvão
mineral de Tete e Moatize e outros minérios, bem como o gás natural de Pande e
Temane em Inhambane, tem sido a principal veia que alimenta de forma
crescente o nível de interesse em termos do seu significado no seio
da melhoria das condições socioeconómicas da
população Moçambicana que na sua maioria além de ser rural é também
Pobre.
Voltando a abordagem geográfica
que atrás referia, analisaria a situação do ponto de vista de desequilíbrios
regionais de desenvolvimento onde, na minha modesta opinião
eles, são hierárquicos. Partem de grandes centros urbanos até às
localidades no parâmetro rural ou seja, o desenvolvimento em Moçambique parte
de grandes cidades como unidade maior de evolução e termina no campo onde e
desgraça ocupa o maior espaço.
"O desenvolvimento, expressa-se através do acesso físico e
económico aos bens, serviços e equipamentos que permitem a satisfação das
necessidades básicas que incorporam educação, saúde e de bem-estar como
oportunidade de construção da coesão social. Exige preocupações de eficiência,
sustentabilidade e equidade" MAFRA, 2004.
Tendo como base o conceito de
Mafra, assumiria Desenvolvimento para este artigo a análise e avaliação de
variáveis como provisão de serviços básicos, existência de
oportunidades em diversas vertentes (emprego, financiamentos, ensino etc.), a
diversidade das formas de “ganhar a vida” entre outras mas, as mais importantes
para uma população de um país subdesenvolvido.
Que possíveis factores estarão
por detrás desse cenário?
Numa opinião particular sobre o
assunto, um dos factores que pode ser responsável destes desníveis
de desenvolvimento das regiões em Moçambique, é a
concentração de projectos de maiores investimentos nas
grandes cidades moçambicanas e de forma especial na
cidade de Maputo. Ao se fazer um olhar desde o período da
independência, pode se verificar que em termos de investimentos de maior
expressão, alocados e desenvolvidos os respectivos projectos eles foram na
capital do país e depois nas outras cidades.
O interesse pelo rural ainda
constitui maior desafio mas, com ‟‟a dita‟‟ descoberta de recursos sobretudo
os minérios, a tendência a vista dos investimentos de
grande vulto tem sido direccionado para os locais de existência
e prospecção e exploração desses recursos como Moatize
em Tete e futuramente ao longo da Bacia do Rovuma, Palma com a descoberta de petróleo
e Gás natural.
Nem com isso as diferenças
regionais diminuem porque ainda é difícil colocar investidores nas regiões
rurais que fazem a maioria do país. Fora das regiões com recursos
naturais que tem-se beneficiado de investimentos para a sua exploração
os demais tem sido órfãos dessas oportunidades.
A agricultura não tem sido
sector produtivo atractivo enquanto ela é praticada por um universo de 68% da
população total do país que, igualmente a mesma vive no campo. Esta é
considerada sobretudo pela banca e investidores como actividade de risco e esse
pensamento tem dificultado de alguma maneira a descentralização de créditos
para estas regiões com vista a expansão da actividade através de
introdução das novas técnicas de produção que alguns países (que conseguem
fazer com que o produzem, seja auto-suficiente para alimentar as populações das
respectivas nações evitando maiores importações), implementaram ou implementam.
Embora com a globalização seja
quase inevitável a introdução de novas técnicas de produção e outros
tecnológicos sobretudo do sector agrário, em Moçambique ainda não são
suficientes para alavancar o sector. A razão desta incapacidade, é justificado
sobretudo pelas limitações financeiras que o país tem para importar de forma
expressiva essas técnicas/tecnologias.
Uma análise bastante ampla para
um país extenso com distintas realidades
Falar de desequilíbrios regionais
de desenvolvimento, penso não ser um assunto fácil pois na minha
óptica requer uma análise mais apurada pois, além de ser um tema bastante
complicado, tem um espaço territorial enorme para o seu
aprofundamento em termos de análise, falo de aproximadamente de 800 000
km2.
As diferenças entre
as regiões urbanas e rurais em Moçambique, são
muitas. Embora a constituição da República estabeleça, alguns
serviços básicos como sendo um direito de todo o cidadão nacional, esses ainda
não chegam para todos. Um simples exemplo: Um cidadão da
região rural precisa percorrer acima de 10km para ter acesso a
serviços de saúde enquanto um citadino de Maputo apenas
precisa de deslocar 100metros, o mesmo exemplo pode servir para educação,
transporte, água potável etc.
Qual pode ser o papel do estado?
O desafio das autoridades
governamentais em diminuir essas assimetrias ainda é enorme. Pode ser feita
através de uma verdadeira descentralização de investimentos (não o que está
acontecer que se d nome igual) e incentivar os privados a investirem nas
regiões rurais através de acções coordenadas através de diferentes políticas
económicas e não só.
Uma das alternativas que pode
levar o investidor ou o privado a optar pelo rural, é a provisão pelo estado de
infra-estruturas sobretudo de transporte bem como o incremento de esforços na electrificação
rural, expansão de água potável etc o que pode permitir com que investidores apostem
em diversas áreas de agro processamento dos produtos produzidos localmente permitindo
a redução da perda da produção facto que tem afectado alguns agricultores por
falta de mercado para a colocação dos seus produtos.
Verdade porém, é que quando
se pretende minimizar um problema desses, as acções que são desenhadas
deverão ser bem coordenadas com um único objectivo de desenvolvimento e muita das
vezes, são desenhados programas ou planos de médio e longo prazo mas, inexequíveis.
Um olhar em relação as capacidades financeira do país, „e um ponto a se ter em
conta no processo de elaboração de programas de desenvolvimento que se pretende
que sejam desenvolvidas.
A quem diga que as assimetrias regionais existem
naturalmente e que não é possível a sua eliminação,
pode ser valida a opinião mas, o Homem é um factor activo que potencia para o
seu incremento pois, na actualidade a sociedade está dividida em duas partes
sobretudo nos países pobres como o nosso onde há uma classe de ricos com
poder de actuação em qualquer esfera social, económico e espacial e
a outra pobre sem nenhuma capacidade, confiando na maioria das vezes na boa
vontade do governo e do detentores do poder financeiro senão apenas
e exclusivamente da sua força de trabalho.
A existência desse
fosso que separa de que maneira a minoria com capacidades financeiras enormes
e a maioria com muitas dificuldades, tem grande influencia
para desequilíbrios dos espaços na medida em que o privado o
detentor do capital pode financiar projectos ou programas de grandes
investimentos onde achar conveniente tornando a região mais evoluída e os
excluídos fica refém dessas oportunidades. É normal nesse país uma região como
a cidade de Maputo num intervalo temporal de 6 meses, beneficiar-se por exemplo
de 20 projectos tanto públicos como privados e um distrito como Homoíne durante
12 meses sem sequer um pequeno projecto.
Um dos factores que é responsável
para esse tipo de situação, é a questãodo tipo de mercado que propicia a
existência de muitos capitalistas preocupados como é
natural de interesses pessoais mesmo sendo governantes que tem como
prioridade principal servir a população chegando a relegar isso para último
plano.
O estado tem a responsabilidade
ou seja é a autoridade que tem o dever de regulamentar essas situações
que minam um bom ambiente social entre a sociedade moçambicano.Com
isso não querer dizer que não podem existir empresários, desde que tenham
base da sua categorização. É responsabilidade do governo o desenho e
implementação de políticas de desenvolvimento regionais
inclusivas que favoreçam a todos no nível social, económico e espacial.
É
sabido que o desenvolvimento é naturalmente desequilibrado ou seja nunca vai
ser igual ou equilibrado mas, de forma mais correcta, pode se encontrar
mecanismos de minimização do problemas de desequilíbrios regionais através do
envolvimento de todos actores desde políticos,económico, sociais etc no
processo de elaboração de políticas ou programas de desenvolvimento do país.
Evidentemente que não se pode
deixar a vista o reconhecimento de que, apostar num desenvolvimento
endógeno pode ser uma miragem para os países em desenvolvidos pois,
o mundo actual actua sob um sistema estabelecido e controlado por um grupo que
detém o poder de regular o mercado financeiro, as políticas de desenvolvimento
ao nível global até ao nível local, reduzindo as áreas e o poder de acção dos
governos colocando-as numa situação de simples agentes passivos perante seus
povos.
Estas imposições giram em volta
de paradigmas como desenvolvimento sustentável, Uso sustentável de Recursos
Naturais, Redução de emissões de gases poluentes etc., tudo sobretudo para
países em desenvolvimento.
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